Quem diria, eu que tanto sou uma defensora da arquitetura como construção e arte. Construção concebida com o propósito de ordenar e organizar o espaço para determinada função. Arte no sentido do valor artístico, não efêmero, perene, inestimável. Como forma de expressão de uma geração. Como um conjunto de experiências de alguém que se desenvolveu para chegar até ali. Estou aqui montando um blog sobre interiores.
Calma, não foi assim de uma hora pra outra, acordei e resolvi fazer interiores, usar aqueles óclinhos de acetato preto, salto 10, participar das festas e aparecer nas colunas sociais. Não, não, não cheguei a esse ponto e espero não chegar, nada contra quem faz, afinal são eles que ganham dinheiro. Simplesmente me formei, entrei no mercado de trabalho, e.... bom uma construção não chega assim do nada. Ninguém conta na faculdade que não vai chover de gente atrás de você, dizendo para você gastar todas as suas economias em uma construção do jeito que você quiser porque te acha uma pessoa bacana, esforçada (afinal não tenho nada construído para mostrar que tenho talento, trabalho de faculdade ninguém entende e trabalho que era estagiária é desprezado). Mas sim, aparece um monte de gente perguntando: que cor pinto minha parede? O que você acha desse sofá, combina com a cortina? Estou cansada do meu quarto, como posso mudar sem gastar muito?
É realmente muito frustrante, anos estudando Le corbusier, Lúcio Costa, Niemeyer, Mendes da Rocha, Artigas, Piano, Calatrava, Foster, Lina, Rogers, Hadid, Alsop, Ando, Siza, Aalto, Mies, Nouvel,.. Nossa tanta gente, tantos gênios e eu louca para projetar e quem sabe um dia me torne um deles (sonhar não custa nada) e olha só que as pessoas acham que sou capaz de fazer... reflito, fico em uma crise existencial, reflito, acho que é melhor largar a profissão, mas não consigo é isso que eu gosto, é isso que eu quero. Reflito mais um pouco e chego a uma conclusão: existe interiores além daqueles óculos da moda.. claro, não existe construção sem o seu interior e eu não preciso seguir modinha e fazer o que a revista manda, eu posso sim fazer interiores com arte, com planejamento e funcionalidade.. é difícil porque entra muito no gosto pessoal, tem cliente que adora santinho, paninhos, enfeitinhos em todos os cantos, mas posso descobrir uma forma de fazer arquitetura de dentro para fora. E agora como fazer isso?
Nunca tive uma aula de combinação de cor (se isso for possível ensinar), nem sobre marca de tinta, nem sobre tecidos para cortina e agora o que fazer?
Esses mestres que nomeei nenhum deles fala sobre interiores. Além da minha crise existencial de estar querendo fazer projetos arquitetônicos, ainda tenho que descobrir como faz. Como toda boa aluna, fui procurar nos livros, lá sempre tem respostas, vasculho, vasculho e não acho nada de útil para o que procuro. E agora? Bom o negócio foi descobrir uma forma de estudar.
Desenvolvi minha cara de pau e fui atrás, perguntar essa foi à palavra mágica, ir atrás e ver muita, mas muita coisa. Lógico, ainda estou nesse processo de aprendizado então resolvi publicar alguns estudos para quem sabe trocar idéias com mais pessoas interessadas em fazer interiores consciente, ou arquitetura de dentro para fora como eu gosto de falar e que talvez sofram assim como eu e não se adaptem a esse mundinho do salto 10.